Neste mês de maio comemoramos nos países lusófonos a Lingua Portuguesa, esse código vivo que traduz, conforta e alimenta a cultura brasileira.
Penso a literatura como o braço forte de todas as artes pela sua capacidade extraordinária de nos abraçar, de nos acalentar, de nos ouvir. Em qualquer cama, ônibus, avião, sofá, num descampado, a luz de vela ou num canto de biblioteca esse abraço pode acontecer. Nós adultos sabemos disso e de muito mais que a literatura pode nos trazer pelos muitos e muitos anos que aqui estivermos.
Mas se a literatura para criança não existisse que leitor adulto seríamos nós?
Ninguém lê Machado de Assis com sete anos.
Doze anos é o quanto dura a infância de nosso pequeno leitor, um tempo de brevidade absoluta. Será intenso, criativo, desconcertante, arrebatador, formador de seu caráter.
Construímos uma literatura para criança no Brasil que se compromete profundamente com esse breve tempo, quando teremos esse leitor tão sofisticado em nossas mãos dando a ele o suporte do inimaginável, do que não se conceitua, do que só existe no seu pequeno grande mundo.
Construímos para ele a cama, o sofá, o descampado, qualquer lugar nesse mundo onde ele poderá, futuramente, continuar sendo abraçado pela lingua portuguesa.
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